No Tunel do Tempo

Era domingo, uma fina garoa caia sobre São Paulo e as ruas foram trazendo lembranças, as calçadas trazendo risadas,as arvores trazendo nossa infancia sem compromisso,uma época abençoada.
Estava com meu filho Alexandre e Minha nora Marcia e fomos à una trattoria tipica da Cecilia.Os donos chegam na mesa para conversar, o antipasto é preparado individualmente e o prato principlal oferecido sem cardápio.São lugares como esse"Taormina" que fazem de nossa cidade o fascinio dos que chegam de fora e deixam mais caloroso o almoço .Muito boa pasta e delicioso limoncello para terminar.
Minha mente estava cheia de recordações daquelas ruas que cercam a Pamplona e como uma viagem ao tempo fui contando como era então meu domingo de criança. Alí, bem ali.meus pais adoravam viajar e muitos fins de semana passava com minha avó materna na casa de minha prima Dirce .Eles ficavam sossegados com minha estadia naquela casa e minha avó adorava.Eu tambem adoraria.naquele tempo as familias se reuniam para conversar, jogar baralho.,pedir pizza .Era tudo simples e a unica Pizzaria Paulino era muito próxima.Pedir por telefone ou ir até lá. Ainda não tinhamos as motos e o delivery de hoje.
Sexta-Feira era dia de alegria.Vovó me esoperava com seus cabelos curtos,prateados e suas calças compridas afuniladas.Era magra e muito moderna para seu tempo.Fumava, era separada para o horror de muitos.Tinha ficado paralitica 18 anos.Por um trauma de infancia,um dia já adulta, parou de andar.Fizeram todos os tratamentos mais absurdos com ela.Desde tirar seus dentes até colocar fogo por baixo da cama,para ver se saia!Isto se deu no hospital de loucos onde creio os médicos eram mais loucos que os pacientes.Foi assim que.minha avó foi morar com a irmã na casa da filha desta,Dirce,casada com Gabriel, cirurgião toraxico.eles saiam muito e precisavam delas quando´nasceu Paulo Vicente meu primo.,Vovó sarou quando fiz 1 ano atravez de hipnose.DR.Paulo Arruda seu idolo eterno devolveu à ela a vida!Mas como disse meu primo era filho unico como eu. Meu "primo gemeo".A vida depois me respondeu dando-me filhos gemeos de tanto falar essa palavra. Como dizem:Veja  o que pensa, pois o que pensa acontece.Para mim, um presente de Deus.
Mas meu primo gemeo era muito especial e a nossa infancia repartida com seu amigo Helio era perfeita.Corria pelo quintal, apanhava amoras pretas,sentava no colo de Ana para pedir que fizesse torta de nesperas.Era a queridinha da passadeira que mais tarde foi teotar o enxoval de meu filho Ricardo.As tortas de Ana.eram deliciosas e ela uma santa, descascando aquela quantidade de ameixas para nos alegrar..Havia um bosque bem na frente da casa.Era composto de tres arvores apenas, mas era nosso bosque!Ali faziamos picnic,Comiamos pipoca e riamos até cansar!O terraço era coberto,as maçanetas de ferro com as que tenho hoje na chacara e as pitangueiras ladeavam do jardim ao quintal.Pitangueiras mães das minhas de hoje.O ladrilho hidraulico fazia desenhos e nós construiamos ali o "Clube do barulho".Uma tenda de panos e badulaques.Atendiamos telefonemas e nos divertiamos até a hora do jantar.Meu primo adorava ficar empoleirado no vitrô da sala e era lá que assistia seus desenhos e filmes.Vovó arrumava a lareira nos dias de frio e preparava Pão de Minuto quentinho para nós.Os fins de semana eram divertidos,passeavamos no Clube Pinheiros e voltavamos sujos e exaustos.Papai chegava com mamãe no domingo e era pizza com certeza!A sala muito grande com as portas de correr,tudo estilo mexicano,a coleção de campainhas de um lado, de xicaras do outro.Sempre havia um cachorro lá fora. Dunga!E foi assim que eu neste domingo entrei no tunel do tempo na Rua Jõao Pinheiro.Parecia ter chegado de bonde com minha avó com as saias plissadas, o rabode cavalo balançando, a fome chegando e a vontade de brincar muito!
O muro tem agora uma fenda e atras vi meu bosque vazio,onde ressoam nossas vozes ainda, gargalhando de mãos dadas á fazer caçoada das piadas que ficaram eternizadas.
Neste domingo meu filho me levou ao Tunel do Tempo!