quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A cesta de jabuticabas

Muitas vezes em nossas vidas nos surpreendemos com reviravoltas do destino.Algumas favoraveis , outras não.
Já falei sobre amigas e encontra-las é para mim um presente.
Mas, um dia conheci por telefone, minha amiga mineira.
Ela tinha uma voz muito doce e transbordava bondade.Gostava das mesmas artes manuais que eu sempre me interessei e tinhamos então longos papos.
Se tivesse alguma duvida sobre a arte de costurar minha seda, lá ia eu ,ao telefone perguntar.Mãe amorosa e avó apaixonada,me perguntava:Quando vai ter netinho?
Pois é, hoje teriamos mais um assunto!
Gostaria tanto de te-la encontrado na tarde de seu aniversário, mas o vento soprou ao contrario e nunca pude abraça-la.Voltamos à falar e a promessa ficou no ar.
Vamos nos ver!Ela se foi alguns dias depois.
Minha situação era de desconforto, tristeza e muita frustração.
Dos presentes que me vieram de graça pela graça de Deus,este foi desviado para um endereço eterno sem muito nexo.
Me recordei de todas essas passagens por ter hoje a noticia das jabuticabeiras com frutas.
Elas fizeram ao correr dos anos a felicidade de muitos.D.Diva as esperava com risadas gostosas!Minha tia,minhas amigas.Meu médico.
Era tempo de jabuticabas e estava na chacara ao telefone com a amiga mineira.
Estou indo para São Paulo,vamos fazer compras no Braz!
Sai bem cedo da chacara e percorri 280 km pensando no prazer de encontrar mesmo por minutos a dona daquela voz macia,com cadencia ,aquele jeito que só mineira tem.
As bacias no carro. Os frutos negros e maduros,me observavam.Talvez soubessem mais do que eu.Nunca me aventurei pelas ruas do Braz como aquele dia, procurando estacionamento e a loja que deveria chegar.
Era uma tarde fria,de botas e capa eu esperava tomando um café.
Nas minhas costas escutei:Você é a Vera!
E você Erilda!
O onibus iria partir em alguns segundos e fui então ràpidamente ao carro tagarelando com ela, muitas risadas,o prazer do encontro ,o gosto de quero mais.
Peguei as jabuticabas,que provavelmente ela teria muitas onde morava,mas ficou feliz com a cesta e colocou no onibus.Demos um longo abraço,sua filha acenou para mim e lá foram elas.O onibus dobrou a esquina e fiquei ali pensando neste minuto mágico,onde duas pessoas parecem se conhecer sem nunca antes terem visto uma à outra.
As arvores de minha casa voltam à ficar cheias de frutos negros, agarrados nos troncos.Das 24 arvores as ramas se debruçam para reverenciar a terra.Formam alas.
Vão de certo fazer muita gente feliz!Principalmente à mim!As primeiras de meu neto.
Mas elas marcaram meu encontro unico com alguem que um dia conheci.Veio de longe apenas para um momento.Era o Agora que se tornou o Para Sempre
Ficou a lembrança do abraço tão rápido quanto sua despedida.
A amiga de longe
Que se tornou próxima
Ficou como uma foto na minha memória: Sorrindo com a cesta de jabuticabas!

Geleia de Jabuticaba
Coloque as jabuticabas muito bem lavadas para cozinhar no fogo lento com água que as cubra.Deixe-as abrir..Bata no liquidificador e passe na peneira.
Vai dar uma massa grossa.Medir o açucar na proporção da massa.
Deixar no fogo até dar ponto.
Coloque uma colher sobre marmore e divida ao meio.Se não juntar está pronto.

sábado, 7 de agosto de 2010

Parabens !Pais!

Celebremos este dia e todos que se seguem !
Aos que ainda não são pais,meu carinho e o desejo que entrem neste time !
Aos que são minha admiração,pelo valor ,pelo auto conhecimento que leva cada homem nesta aventura!
Ao meu filho,que curta cada etapa desta doce trajetória com muito amor!
Felicidades à todos!

Dia Dos Pais

Hoje gostaria de abraçar todos os pais que de alguma forma participaram de minha vida desde criança, me ensinando com amor e sabedoria um pouco da vida, e suas experiencias.Muitos já foram.
Assim como meu pai tambem.
Falo sempre que são nosso sol e quando se ausentam,temos a dificil missão de ser sol para nossos descendentes.
Conto muito sobre papai,como profissional brilhante, homem de sucesso que andou seus passos com determinação e coragem,muito sonho e tenacidade.
Mas, quero falar do companheiro.Pai nos dá segurança, transmite a visão do absoluto, reflete para sempre seu brilho nos conquistando dia à dia pelas atitudes.
Isso se eterniza em nós.É o DNA mais sublime que poderiamos imaginar:o do amor,da abnegação,da aliança eterna do amigo.Aquele que não morre,pois está dentro de nós, nos nossos gestos,na nossa maneira de ver a vida.Na alegria de pertencer.
Convivi com esse presente desde criança.O presente de ser filha de alguem muito especial.
Quando passeio pelos lugares de minha infancia,onde os passos firmes eram rápidos e as mãos carinhosas me seguravam, volto no tempo.
O Mercado Municipal era então um universo de sabores e perfumes de iguarias,que me traz hoje o gosto da saudade.A praça da Republica aos domingos,os restaurantes de minha preferencia,os passeios para longe da cidade.
Era um tempo de magia onde as pessoas se encontravam por prazer e juntos formavamos grupos para muito além do horizonte.O universo da cumplicidade.
Era o encantamento da risada,das canções entoadas na entrada do Rio de Janeiro,do Guarujá e das Minas Gerais.Lembro das caminhadas em São Pedro,o parque florido de rododendros,iucas e muito verde.O hotel de Friburgo,Itatiaia,onde tomei meu primeiro copo de vinho.Era assim nesta roda de ciranda que aprendi à viajar e transformar meu mundo.Com um companheiro divertido:meu pai.
Esta semana dei uma lupa para meu neto de 3 aninhos e perguntei:E agora?
Ele disse:Agora vou transformar tudo em maior!
Acho que papai,o mago,transformava como a lupa,tudo em maior.
Era uma simples sandália dourada,vinda do Rio,ninguem ainda tinha visto aqui.
Sentada no tampo da mesa da sala exibia muito feliz meu cintilante presente para Tereza, minha empregada.Era vestido da Bonita,Boneca,Casa Clô,Etam.Era singelo como a esperança daqueles dias.
Ele acompanhou minha adolescencia rebelde,olhou feio para muitos pretendentes,ficou de cara brava nos desfiles que fiz em uma das viagens de navio.Foi zeloso para não me ver decepecionar,não perder o sonho no meio do caminho.Foi temeroso por conhecer o mundo e assim protegeu seu pequeno tesouro que era eu.
Mamãe o achava exagerado e dava asas à menina que se tornava mulher.
Até o fim voou comigo nas ilusões do coração.Ela era a poesia.A poeta de quem ele se orgulhava.
Papai, realista,maduro e certamente um autentico oriundi,saia da braveza para a alegria como na pátria de meus bisavós.Adorava a familia,os netos,os amigos e sempre olhou cuidadosamente para os que tinham menos.Sem falar ou contar ajudava sem se promover.
O tempo passou e no Presente vejo meu filho sendo Pai.
A generosa e abnegada caminhada onde o amor se mistura com a gargalhada, o abraço se funde como um laço.
E vejo então que se perpetua na estrada o caminho já iniciado.
Com certeza se repetirá com os outros filhos que serão tambem pais.
E o charuto ficava na sua mão horas e horas com aquele olhar de quem vê algo maior!
Em tudo e por tudo
Obrigada Papai!