Era uma casa muito engraçada....

Hoje acordei cantndo a musica de Vinicius de Moraes.Era uma casa muito engraçada,não Tinha teto não Tinha nada...
Parece doidice fazer comparação desta música com fatos que ocorrem no momento.
Mas, me vejo jovem,comprando no intusiamo de uma adolescente partilhado com um pioneirismo e um grande espirito pratico.Eu,assinava a compra de uma chacara que não Tinha NADA.
O que me encantou e fez ver a luz lá na frente,foram as jabuticabeiras.
Diria que  viviam ali há 50 anos!
A musica de Vinicius Foi inspirada nas palafitas de Salvador,onde não havia Nada,Mas eram feitas com esmero.
O mesmo que construi pouco à pouco meu canto,sem numero,numa Rua que não Tinha nome.Por sinal, nem Rua tinha.Mas era de um entusiasmo juvenil e ali Coloquei meu canto, meu encanto, minha esperança na natureza que me aguardava com seu silencio desprovido de maldade,me ensinando que  a felicidade vem das pequenas tarefas.E nelas




 fui calcando minhas investidas de menina de cidade,olhando o futuro daqueles garotos que se divertiam tanto.Meus filhos!
Era uma  chacara muito engraçada...
Não tinha nada..
Mas quando a brisa batia na pequena casa,vinha com ela o perfume das jabuticabeiras em flôr.
Inundava a tosca varanda,feita com esmero.Na risada das crianças Elas me avisam:Vou produzir!!
E era dia de festa!!Dos 24 pés,nenhum me decepcionou.Pela arvore se vê o fruto e vice versa.
Felizes obras de Deus,formando uma ala de galhos que se abraçam no topo,alimentadas por nascentes!Ai as nascentes!!Brotam agua pura e cristalina,onde muitos vinham encher suas garrafas para a semana.
Delas formei dois poços.Um para consumo caseiro,outro para plantar ver duras frescas sem agrotóxico.Assim vi crescer meus sonhos e da casa muito engraçada e da chacara que não Tinha nada,fiz um canto vestido de Flores multicores ,arvores preservadas e muitas plantadas.
Para Quem vive numa cidade Como São Paulo,este era o pulmão verde da minha mente,meu coração.
Mas a musica de Vinicius acaba na rua dos Bobos, numero Zero.
A minha recebeu  asfalto,nome e numero.
A chacara que não tinha nada e Foi motivo de preocupação de meu pai,Tem identidade.
Tem história,Tem maturidade.O sonho Foi evoluindo .
Ao gosto e sabor da vida,a canção Foi ficando là atras.
Permanece o som da infancia de meus filhos,das gargalhadas de minha avó,onde passou os ultimos dias,Permanece a figura de meu pai Pensativo,com seu cachimbo na varanda,os casamentos de Ana Lucia e depois de Ricardo e Fabiola.A conversão de Padre José Carlos,os grupos de oração na sombra da mangueira centenária.As crianças da novena que cresceram e formaram familia.
E lá,bem no silencio, as jabuticabeiras,responsaveis pela minha paixão esperam o veredito de suas vidas.As nascentes,não brotam cristalinas,Mas choram diante da incompetencia.
O destino não será maldoso com sua excelencia a Natureza!!
Com certeza !!

Vamos ver Quem chega primeiro??

Olho para minha frente e de repente no meio do canto dos passaros, dos grilos e cigarras escuto:Vamos ver quem chega primeiro??
Era assim que meus filhos apostavam na piscina que desenhei,elaborei e construi para eles.
Muitos amigos na infancia,barulho,riso,brigas,primos,futebol rolando e a mente inquieta da infancia trazia a vida,a seiva,o motivo de estar ali.A piscina e eu.Nós Duas não teriamos razão sem esse burburinho,essa felicidade ,dentro de suas pequenas canoas de boia.
Muitas tardes quentes,onde a agua tépida parecia nos relaxar com sua temperatura.
Amigas minhas,avós,meus pais,parentes e amigos deles.
O tempo Foi passando,ela solitaria à espera de novos ruidos .
Foi há muito tempo que  a construi.Era um sonhar de menina que meu pai na sua prodigalidade e sabedoria me deu.Trocou uma viagem de navio que havia comprado para todos e então virou piscina.
A vida é assim.Podemos fazer trocas e Ele era bom nisso.Muito sabio e vivido Dr.Lauria!
Para incredulidade de alguns consegui terminar para Dezembro.Nos tres meses que plantei,desenhei e vi detalhes,consegui um curso rápido de natação para os tres meninos.Era o Salvador que dava aula todos os dias para eles.Andre no primeiro já brigou com o professor.
Mas se sairam bem e a alegria era intensa ao vê-los dando braçadas na piscina sonhada:
Vamos ver Quem chega primeiro??
Quando juntavam com os primos,com os Sbardellini...
Dia de festa!!
Nadei muito neste espaço que reservava para o fim do dia.Exausta,caia na agua e de lá só saia ao escurecer.
Nunca imaginei mudar nada ali, mas fui Eu que mudei!!
Já não podia com minha coluna meio lá, meio cá, subir e descer a escada de aluminio.
Criei um chuverão,pois sempre brinco do jogo do contente e adorei aquela agua fria caindo no meio

do arvoredo!Mas a ironia da vida me mostrou que poderia sim nadar outra vez.
Era só construir uma escada de alvenaria.Então  aproveitei o momento de um vazamento entre palpites e cabeça ao sol fiquei sonhando outra vez.
A vida é feita de esperas,desafios,muitas um pouco retalhadas.
Assim,Foi hoje,depois de pronta,minha escada que parece um bolo de noiva com glacê em cima,me lembrei
Vamos ver Quem chega primeiro??
Sem querer atrapalhei vocês!!

A árvore que me acompanha!

Quando meus filhos eram  crianças levadas,correndo pelo gramado da chácara, fazendo tijolos de caixinhas,colecionando cigarras estouradas,pescando com meus baldes e peneiras da cozinha ,lia muito para eles.Era a hora de descansar.Muitas vezes lia para muitos, nas nossas novenas de Natal.Tinha um livro:Cristalino,que em cada conto dava um exemplo de bondade,amizade e solidariedade.Uma das histórias era sobre a conversa entre duas árvores e a importância da sombra que emprestavam.
Pois bem, em minha vida sem perceber,uma arvore se fez presente em momentos únicos e felizes.
Ela me emprestou sua sombra,me observou,conversou comigo no seu silencio.
Mas como muitas vezes somos lentos para ver a Graça,não  dei a importância que era para ser dada.
Na minha infância,na varandinha do meu quarto,lá estava ela, na rua,com suas ramas entrando para me alcançar,como braços para abraçar.
Pará mim, era natural aquelas folhas verdes,de um formato diferente,com seus recortes como se fossem delineadas por um trabalho de escola.
Linda minha árvore!!
O tempo passou, mudei e deixei para trás minha amiga que conhecia meus segredos, meu choro, meu riso, minhas bonecas e meus quadros rabiscados.
Passei à reconhece-la em alguns parques e dizer :Olá!!
Já madura,numa viagem,onde meu coração precisava de colo e a alma de afago,foi ela que me encontrou em Hyde Park.Suas folhas caiam conforme meu caminhar.Os esquilos corriam,o vento batia e parecia que era a menina da sacada da velha casa que andava pela alameda sombreada.
Não fiz uma associação de idéias entre ela e os esquilos.Apenas achei romântico,cálido,lindo.
Foram dias de restauração, descoberta,felicidade onde ela estava presente.
Eu a chamava de Plátano.
Guardei sua folha para secar.
Vento vai, vento vem,o tempo passando,a vida seguindo
Perdas foram surgindo e na despedida de minha mãe ,um convite para me curar.
Era minha amiga Diva,especial companheira com uma família doce como mel.
Era colo,era afeto,era apoio que me deram lá na casa  de tijolinhos à vista no meio de um lindo parque.Na frente,minha arvore me observava!!Acho que queria ver se não chorava.Dias lindos onde senti o amor daquela família especial.Chestnut Hill,Boston.Os esquilos novamente corriam e foi difícil encontrar uma folha que não estivesse mordida por eles.Mas salvei uma para secar.
Mais de dez anos se passaram e eu chego à uma quinta linda perto de Buenos Aires com uma amiga dos tempos de minha adolescência.Chego e reconheço:Minha árvore está lá!!
Comento com o proprietário e parente de minha amiga:Plantei um Plátano igual na minha chácara!!
Ele com toda sua sabedoria sobre plantas me responde:É um Liquidambar,cujas folhas são símbolo do Canadá!Agradecida pela informação continuo minhas pesquisas e vejo que se faz dela tambem Maple .Lembro dos esquilos correndo para mastigar suas folhas doces.
E reverencio com respeito a minha,que me empresta sua sombra na minha caminhada e que produz um mel que necessito para continuar!!