segunda-feira, 14 de maio de 2012

Batizado

A manhã começou fria, as ruas estavam vazias e foi então que meu carro deslizando caminhava para o batizado de minha neta.Coloquei uma música e enquanto tocava ,a imaginação corria solta nas lembranças.
Passei pela rua onde meu filho Ricardo nasceu, vi seu batizado, com sua prima Marcela na Igreja do Espirito Santo.Meu primo Monsenhor Expedito nos aguardava na entrada da igreja e a familia reunida,os amigos, davam um clima de festa.Ele encomendou um coral e entrei pela nave com meu filho nos braços,fruto de grandes lutas depois de ter perdido Rodrigo.Os padrinhos Marisa e Clovis,no altar esperando.Havia batizado o filho deles, Cristiano meu sobrinho,que nasceu depois do meu primeiro filho.
A volta ao apartamento, o bolo com o berço e o bebê,as balas ,os enfeites e aquele macacão de linha lindo que guardo até hoje.Meu vestido era marinho de bolas vermelhas.Os cabelos soltos.
Continuei meu trajeto pelas avenidas ,os sinais verdes me diziam:vai, hoje é um dia de comemorar!
Achei estranho tantos sinais me mandando passar!Pensei:que será?Era a permissão .O visto no passaporte da vida.Vai!
Fui cantando com a música e vi na memória a mesma Igreja,Do Espirito Santo, O mesmo Monsenhor Expedito na Homilia falando que pela fé Deus havia me concedido a graça de ter dois.Os Gemeos Andre e Alexandre com seus padrinhos :Fabio e Angelica, Maria do Carmo e Francisco.Meus cabelos eram longos, Tinha um vestido de listras azul marinho e branco.Ale de macacão marinho ,André de vermelho ..A festa nos olhos, a certeza de ter forças para conduzir esses três presentes que recebi dos céus.Meus filhos.Minhas avós disputavam, minha mãe protegia o mais velho e a festa foi na Luiziania onde morava.Aproveitei para fazer o aniversário de 3 anos de Ricardo e entre as palhaçadas de Giramundo e as gargalhadas da criançada a familia namorava esses dois meninos que chegaram para nossa surpresa.Mamãe linda tirava fotos com seu primo Monsenhor e Tia Terezinha.O sol refletia desenhos no quintal.
Tia Zizinha mãe de Monsenhor contava suas viagens animada e fez o bolo com suas mãos abençoadas.
Havia garçons servindo as deliciosas iguarias que papai encomendara.Não faltava os mini cuzcus de vovó!
Minha casa era espaçosa e todos felizes confraternizaram este momento comigo.
Continuei   pelas ruas  ouvindo a letra da melodia que dizia sobre os caminhos,todos os caminhos que passamos.Penso que desde aqueles caminhos até os de hoje,entre os batizados que fiz questão de participar como de minha querida amiga Marjorie e sua netinha o tempo tem sido amigo.
Amigo bastante para nos dar essa oportunidade de ver como o movimento do universo traz o passado ao nosso lado .Olhamos aquele menino com a filhinha nos braços para o mesmo ritual Sagrado à se concretizar.Monsenhor já não poderia estar lá,pois como meus pais ,alguns parentes e amigos já fazem parte do eterno.Entrei na bela capela e meu netinho sentou inquieto ao meu lado.Perguntei:André você sabe o que aquela luz vermelha quer dizer?E aquela criança com um rosto cheio de mistério disse baixinho ,nos  seus quase 5 anos :-Sei Vovó :me disseram que alí está Jesus e que Ele se multiplica nos corações!É verdade e um dia vai fazer sua Primeira Comunhão e verá.Como dizia seu pai quando criança :a gente se torna um pouco Deus!Mas Ele é tão pequeno alí não é?Na Igreja do Colégio Pio XII ,minha neta Maria Luiza recebia a Unção do Batismo.Ricardo de um lado, Alexandre do outro,as mãos estendidas sobre minha cabeça na hora da benção das mães.A contrição,a comunhão, o respeito.
A nova cristã, amiga, como disse o sacerdote, de Jesus agora repetia o gesto de seu pai muitos anos atras.
Esse perpetuar da existencia nos comove ,emociona e ensina que nada que vivemos ontem nos  abandona ou nos deixa.Registrado no sorriso daqueles jovens,de meu filho e minha nora o Futuro se descortina com a mesma certeza que tive um dia:A certeza de conduzir essa linda criança pela vida!
Que belo Dia das Mães,ve-la começar sua história ,minha querida!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Mães

Talvez este seja um tema batido, falado,pintado e retratado por poetas e músicos.
A maternidade é uma dádiva da natureza,que desejamos experimentar desde pequenas ao embalar nossas bonecas.Não importa a classe social,o país que vivemos,a cultura que assimilamos.
A mulher nasce com um coração disposto à amar e doar.Ela vê a oportunidade de exercitar Seu desdobrar.
Ser mãe é antes de mais nada,um ato de desdobrar-se.Em gestos,em atitudes do dia à dia .Por uma vida!
Neste maio que celebramos o mês de Maria,podemos lembrar seus passos sagrados, calcados por um amor incondicional, cheio de lutas e de esperas.
Passam-se os anos e muitas se tornam filhas de seus filhos ou quase isso.Naturalmente,como a vida nos propõe.Reinventamos momentos,celebramos o aconchego quando estamos perto dos nossos.
Podemos ter a personalidade de uma leoa para protege-los ou de uma abelha que providencia no seu vôo a organização de sua colmeia e fabrica mel.O mel de mãe.
As caracteristicas se diferem e teremos a certeza que aquela que está alí nos entenderá sempre.
Que haverá mel em suas palavras quando necessario.O mel que cura.
Atravez da história o convivio com os filhos mudou muito e hoje são próximos,amigos, desafiadores e realistas.Mães sempre estarão dispostas .Lutarão pelo necessario. Transformarão  tudo em felicidade .
Mães vão sempre sonhar e fazer crescer o sonho de cada um.
Abraçar e ampliar esse abraço para alcançar o espaço de afeto que não tem medida.
Mães não tem medida.Amam demais, choram demais,acreditam demais.
Nada poderá definir o Ser chamado Mãe   ,pois não tem definição.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Foi ontem ou uma eternidade se passou?

Parece muitas vezes que foi ontem e outras uma eternidade que não ouço sua voz, não vejo seu riso ironico `brincar comigo.Mas o tempo me diz que fazem 14 anos que você se foi.Não sei se consegui durante uma vida ser a filha que esperava, mas sei com certeza que superei à mim mesma nos longos 3 anos de doença.Veio com o diagnostico uma força sobrenatural que foi me alimentando durante a luta contra aquele cancer que nunca deveria ter chegado.
Vejo muitas amigas nesta luta com suas mães hoje e elas se tornam rápidas como eu era nesta época.Tinha muita urgencia.Creio que ainda tenho,mas um pouco devagar.Urgencia presume-se que depressa,mas no momento reflito e paro bastante antes da cada passo.
Vamos aprendendo muito e os momentos ficaram registrados nas minhas atitudes,refletindo em mim o que é importante AGORA.
Ontem por coincidencia li na Bazaar americana um artigo lindo.Meghan O'Rourke,poeta, critica e autora de The Long Goodbye,descreve os sentimentos que nos restam e que ficam fortes depois da perda de nossas mães.O artigo"Nos sapatos de minha mãe" me emocionou pela clareza e semelhança com que descreve essa "orfã" que se apodera de nós independente da idade .Uma sensação de abandono mesmo.
Ela conta que em grandes ocasiões que se defronta na vida coloca os brincos da mãe.
Uma écharpe,um detalhe.Concordo.Usei anos o anel da minha.Primeiro um que era de turqueza lindo,por sinal não muito querido dela.Uma viagem à BH me roubaram sei lá como.Não liguei.Mamãe dizia que ele não dava sorte.Melhor assim.Outra época me livrei de um maravilhoso de agua marinha.Tinha muita história e na verdade veio completar a minha.Um dia resgatei.Mas o predileto era o de jade com rubis e este meu pai desenhou, como os outros,mas tinha um simbolo pela pedra que significa simplicidade.Usei anos.Guardei.Só quando algo é para repartir com ela como a festa do meu livro"Nós Mulheres!"Estamos juntas nessa!Afinal sou um pouco parecida com você!Está feliz?
Acredito que nos vestimos destes pedacinhos de lembranças para sentirmos o aconchego dos braços que nos abraçaram,do colo que nos protegeu,do ventre que nos gestou .Um pouco delas está ali.Muitas outras heranças são mais importantes como o gosto para a leitura,para escrever,como faço agora.A vaidade, o batom,a vontade de viajar.Outras aspectos da personalidade que mesclamos com o de pai,avó e tias.Mas está lá!Mais forte que o anel no dedo,o gesto de cada momento.
No simples bolo ao prato preferido.Na implicancia talvez.Porque não?
Ouviremos sempre a voz que nos chama para o sonho ou para a realidade.A de mamãe era o sonho a de meu pai a realidade.Como dizia ela sentiremos sempre a vontade de dançar mesmo que o corpo não obedeça.Dançar com a vida, com a alegria de Ser.Render homenagem à coragem!
E quando o frio apertar colocarei seu casaco de pele por dentro que antes chamava de exagerado e sairei com ele muito agasalhada,pois estará pertinho e com brincos enormes como você, estarei segura para enfrentar o vento  que passa ligeiro levando o ontem e trazendo o amanhã!