quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Meu Giverny particular!

Muito tempo atrás , quando meus filhos ainda eram pequenos (4 e 1 ano os gêmeos),conseguimos um financiamento do Banco do Brasil onde meu marido trabalhava, para um imóvel rural .Meu sogro começou a maratona.
Me chamou e com aqueles olhos de quem já viu muito!Bom fazendeiro e administrador de terras disse: Encontrei uma data!
Até então data para mim era dia de..
Foi ai que demos inicio ao grande desafio!!
Eu, menina de cidade, nascida e criada no asfalto ,resgatava a saudade da alma pela terra . Trazia no fundo do coração a aventura dos bisavós italianos Tomaso e Maria, Dos Brasileiros Ana Augustinha Barros e marido que viviam na fazenda
Quando entrei com ele na caminhonete alta, me senti pioneira .
Amei de imediato aquele lugar que estava abandonado ..Não vi os formigueiros nem tão pouco as casas de cupim que se alastravam pelo campo abaixo.
Me abriguei à sombra das jabuticabeiras vendo nelas os frutos que meu avô  levava nos meus aniversários.
Foi assim que nasceu meu pequeno Giverny!!
De sonhos, de risos de crianças,que estão hoje formando família,
De grupos de amigos, de pessoas rezando na capela.
Pouco a pouco fui transformando os ninhos de cupim em canteiros floridos.
Minha avó materna com suas mãos abençoadas fazendo mudas e podando roseiras .Até hoje seus agapanthos florescem refletindo seu amor.
Na entrada as sementes de Pata De Vaca se tornaram arvores frondosas com flores de inverno e sorriem para todos lembrando Ivan, minha cunhada,
Nela o replay dos noivos Ricardo meu filho e Fabiola minha nora entrando no trole em casamento para 450 pessoas,
As laterais de Bouganville que recebi de presente em caules de D. Zezé.
A lição de Dr Aristides Peres:Vera plante esses caules em areia e regue 7 meses.
Depois de darem as primeiras folhas coloque em terra ruim para adquirir raiz.
Então estarão prontos para canteiro.
Quando florescem lembro de seus ensinamentos e penso que na vida também se repete a lição.
Raizes se formam nas dificuldades.
Minha avó paterna plantando antúrios vermelhos que desenham um canteiro na sombra do Flamboyant ,arvore gigantesca com suas flores em Novembro.
Entrar no meu jardim é como ler um livro de memórias onde as pessoas se tornaram presentes nesse presente da vida.
Demorei para aprender a linguagem das flores e foi com erros e assertos que formei o que hoje se tornou inspiração para a pintura.
Com pincel  ,eternizei em pratos de porcelana e sedas delicadas cada flor plantada.
Uma à uma se tornando jogos de jantar e variando conforme a estação.
Para combinar toalhas de mesa.
Assim  se espalharam pelo mundo afora entre amigos e conhecidos.
Dentre essas , a exposição com Romero Britto ,pintando 100 metros de seda.
Uma emoção olhar no meio de seus quadros famosos minhas flores ,plantadas com amor e dedicação.
Nas echarpes e mantilhas o reflexo de todos que me ensinaram a arte de plantar.
Minha mãe chamava de Xangrilá meu pequeno Giverny e plantava com meu pai Cassias amarelas !
Agora esse jardim é cenário para brincadeiras das netas com seus regadores e meu neto que em pequeno disse: vovó quem plantou essa flor?
Eu respondi : minha avó!
Então vamos regar por ela!!Que entendimento lindo!
Clara corre pela grama que há 44 anos plantei em placas e hoje é um chão verde lindo!
Sofia se encanta com os pássaros que cantam ao redor e Maria Luiza sonha em rever tudo!
Meu sonho se transformou e a Data ,como dizia meu sogro é um tesouro atrás  do bambuzal
Espero que seja sempre oxigênio e seiva!
 Adoro Monet e talvez tenha refletido meu desejo em conhecer Giverny
Portanto

Cuidado com seus sonhos!
Eles se realizam!!
E os seus?
Quais sâo??