Quem planta tamareira não colhe tâmaras!

Lembrei desta frase outro dia quando recebi um vídeo sobre as tamareiras.
Elas demoram 100 anos para produzir.
Como dizia o vídeo, o mel do deserto não vem das abelhas, mas delas.
Fazer mel no deserto é um trabalho árduo.
Muitas vezes na vida passamos pelo deserto .Grande stress deve ter a tamareira ao produzir frutos.
Mas as tâmaras me lembram Tio Moises.
Minha avó materna tinha uma irmã ,tia Nenê.
Era menina quando essa irmã se apaixonou por um judeu francês. Moisés.
Casaram e foram morar em Tanger, Marrocos.
Lá ele tinha comercio de tecidos .Muito felizes mas saudosos.
Meu pai resolveu conhecer esses tios de minha mãe.
Eu era adolescente e foi uma viagem inesquecível.
Emocionante encontrar esse casal querido.
Passeamos muito pelos bairros árabes,onde nos olhavam com respeito e de repente ele entra em uma loja de frutas e compra um pacote enorme de tâmaras para mim.
Foi ai que descobri que elas quando frescas tem muito mel.
Não sabia naquela época que era hipoglicemica.
Mas as tâmaras eram divinas.
Tia Nenê fez um cuscuz Marroquino delicioso com os legumes separados das carnes e na salada reconheci minha avó.
Como poderia?
Tantos anos de diferença!
Minha avó era menina quando tia Nenê casou .Eram muito parecidas.
Ele pintava quadros belíssimos .Um homem fino e requintado .Amoroso e solicito. .A casa em estilo mouro tinha um páteo com um chafariz.
Tomamos chá verde em uma linda confeitaria .
Nos três dias que passamos juntos a magia se fez.
Uma alegria sem fim.
A despedida não foi fácil .O vento soprava forte nas ruas misteriosas e deixávamos o doce sabor do encontro.
Sabor de mel!!
Voltamos para Cádiz e por muito tempo me alimentei somente de tâmaras frescas e suculentas.
Eles se foram há muito tempo atras , mas minhas lembranças tem ainda esse paladar.
De tâmaras do deserto.