quarta-feira, 6 de novembro de 2013

A árvore que me acompanha!

Quando meus filhos eram  crianças levadas,correndo pelo gramado da chácara, fazendo tijolos de caixinhas,colecionando cigarras estouradas,pescando com meus baldes e peneiras da cozinha ,lia muito para eles.Era a hora de descansar.Muitas vezes lia para muitos, nas nossas novenas de Natal.Tinha um livro:Cristalino,que em cada conto dava um exemplo de bondade,amizade e solidariedade.Uma das histórias era sobre a conversa entre duas árvores e a importância da sombra que emprestavam.
Pois bem, em minha vida sem perceber,uma arvore se fez presente em momentos únicos e felizes.
Ela me emprestou sua sombra,me observou,conversou comigo no seu silencio.
Mas como muitas vezes somos lentos para ver a Graça,não  dei a importância que era para ser dada.
Na minha infância,na varandinha do meu quarto,lá estava ela, na rua,com suas ramas entrando para me alcançar,como braços para abraçar.
Pará mim, era natural aquelas folhas verdes,de um formato diferente,com seus recortes como se fossem delineadas por um trabalho de escola.
Linda minha árvore!!
O tempo passou, mudei e deixei para trás minha amiga que conhecia meus segredos, meu choro, meu riso, minhas bonecas e meus quadros rabiscados.
Passei à reconhece-la em alguns parques e dizer :Olá!!
Já madura,numa viagem,onde meu coração precisava de colo e a alma de afago,foi ela que me encontrou em Hyde Park.Suas folhas caiam conforme meu caminhar.Os esquilos corriam,o vento batia e parecia que era a menina da sacada da velha casa que andava pela alameda sombreada.
Não fiz uma associação de idéias entre ela e os esquilos.Apenas achei romântico,cálido,lindo.
Foram dias de restauração, descoberta,felicidade onde ela estava presente.
Eu a chamava de Plátano.
Guardei sua folha para secar.
Vento vai, vento vem,o tempo passando,a vida seguindo
Perdas foram surgindo e na despedida de minha mãe ,um convite para me curar.
Era minha amiga Diva,especial companheira com uma família doce como mel.
Era colo,era afeto,era apoio que me deram lá na casa  de tijolinhos à vista no meio de um lindo parque.Na frente,minha arvore me observava!!Acho que queria ver se não chorava.Dias lindos onde senti o amor daquela família especial.Chestnut Hill,Boston.Os esquilos novamente corriam e foi difícil encontrar uma folha que não estivesse mordida por eles.Mas salvei uma para secar.
Mais de dez anos se passaram e eu chego à uma quinta linda perto de Buenos Aires com uma amiga dos tempos de minha adolescência.Chego e reconheço:Minha árvore está lá!!
Comento com o proprietário e parente de minha amiga:Plantei um Plátano igual na minha chácara!!
Ele com toda sua sabedoria sobre plantas me responde:É um Liquidambar,cujas folhas são símbolo do Canadá!Agradecida pela informação continuo minhas pesquisas e vejo que se faz dela tambem Maple .Lembro dos esquilos correndo para mastigar suas folhas doces.
E reverencio com respeito a minha,que me empresta sua sombra na minha caminhada e que produz um mel que necessito para continuar!!


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