quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sedas

Nunca contei como fiz da seda minha aliada na caminhada.
Aprendi a tecnica com uma francesa e desenvolvi criando meus proprios desenhos.
No começo com muita timidez,depois com muita garra.
Ela me deu oportunidades unicas como conhecer Vicky,que na época trabalhava para Romero Brito.Ele estava em uma festa no Mandarim em Miami, era despedida de Henrique Meirelles nos E. U..Não tinha sido convidado para o jantar e me pediu que o apresentasse à Henrique.Assim o conheci,assim fui chamada à expor na Oscar Freire.
Foi uma festa linda com dança flamenga,onde minha nora Gra e suas companheiras usaram mantilhas pintadas com flores gigantes e o caviar com blinis era servido pelos garçons do local.É obvio que fui eu que fiz esse "oba""oba".Pintei muitos metros de seda, fiz borboletas gigantes de ferro e coloquei meu trabalho sobre elas.
Vou colocar as fotos aqui!Mas, a seda me levou ao Mube,onde vendi muito e fiz grandes amizades.Maria Cecilia Matarazzo,que não está mais entre nós,Verinha e muitos artistas, joalheiros com histórias tipicas e ricas.Conheci então, Maria Helena Matarazzo, que veio à ser minha terapeuta, amiga e bussola!
Fiz Hipica com Elizabeth, mãe do Doda Miranda,que até hoje é minha grande incentivadora e amiga.
Bem , a seda é Muito na minha vida!
Começou assim(dez anos atraz)


A manhã ensolarada e a música ecoava das vozes da faculdade.
A Puc cheia de movimento, parecia uma colmeia com suas abelhas revoando afoitas no seu ir e vir constante.Subi a Monte Alegre, rua que era meu caminho de estudante,e fui até a entrada do predio onde o endereço indicava no cartão
Procurava tintas para comprar.
Passei pela capela onde casei.
Os velhos arcos coloniaes testemunhas de apertos de mãos,dos sorrisos,da dama de honra,tão lindinha com seu par.Dos abraços felizes.
Mamãe ,de chapéu estava linda e triste e papai se continha.
Anos depois ele se despediria de mim para sempre neste mesmo dia:24 de Maio.
Continuei à subir sem tanta agilidade como na adolescencia.Lembrei que ficava horas na esquina tagarelando com Rosa.
Agora o Colegio São Domingos reformado,uma escola de balé,livrarias nos lugares onde no passado transitavamos e viamos Chico Buarque de papo com os amigos.
Toquei a campainha do predio.Fazia tanto tempo que havia recebido o cartão!
As tintas!A minha fantasia das cores!
As pinceladas que me transportam para o mundo magico.
Cheguei,conversei,comprei olhando com simpatia aquela moça loira com olhar triste.
Há tres meses que o mesmo homem do cartão havia falecido.
Onde vou,gosto de sorrir,ouvir,falar.
Assim me senti à vontade desde a primeira vez.Hoje, minha amiga Sonia se refez,casou e continua me vendendo as tintas LUKAS!
Lá fui eu ,ladeira abaixo cantarolando feliz em recomeçar à pintar!
Os sacos de tintas pesados,os pincéis,meus aliados.
O sol batia na calçada,as crianças barulhentas rindo ao entrarem nos carros.
O movimento, os uniformes, o mesmo som, a mesma luz que por anos neguei..
Retrocedi no tempo.
Entrei no elevador de serviço.Ao sair vi o reflexo do sol no vidro das escadas batendo no meu rosto como quando era menina.
Toquei a campainha apressada e por uma fração de segundo parecia ser a mesma adolescente voltando da escola, cheia de noticias para contar,procurando aconchego.Lar.
Por pouco não gritei:
Mamãe estou morrendo de fome!
A fome agora era de viver!

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