quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Nós Mulheres

Hoje fui supreendida por um convite do livro Nós Mulheres.Décimo aniversário.
Abri e lá estava meu nome.
Fiquei emocionada,surpresa e feliz.Havia escrito um texto, que não me pareceu consistente.Fui viajar e na volta terminei.Mandei então para a editora.
O tempo passou, não sabia o que havia acontecido.Esqueci.
No momento que abri e vi a capa revi minha mãe com seus escritos,suas poesias.
Ela era uma escritora.Eu sou apenas uma contadora de histórias.
Ainda ontem,estava na Sala São Paulo,rodeada de pessoas que escrevem e de admiradores pela leitura.Minha amiga Rosa recebia então dois premios pelos seus livros de Culinária,ou seja História da Culinária.
Aquela atmosfera onde reinava o respeito ás letras me deu uma emoção inacreditavel.
Assim ,neste clima de sintonia com um todo bastante enriquecedor que nos leva à descoberta,minha sensação de satisfação cresceu.
Uma alegria imensa ao ver aquela capa.
Minha mãe desejava muito editar um livro e ao completar 70 anos consegui reunir muitas poesias suas e formar um livro que dei para cada convidado de sua festa.
Parece que vejo sua surpresa ao entrar no quintal transformado,com mesas e violetas por toda parte.Suely no teclado tocando "Carmen".As pessoas queridas se confraternizando e ela se surpreendendo com o exemplar de seu talento.
Foi tudo feito com muito carinho,muita pressa como sempre foi minha vida.
Entre idas e vindas com os filhos ,a casa,a chacara e muitas ocupações consegui mandar para uma jovem entusiasta que fez um trabalho de gráfica.A capa era com o titulo.Mamãe sempre foi muito crítica e ao olhar aquele meu esforço para agrada-la disse;Eu queria uma capa!
Eu sei mamãe.Tenho o desenho. Mas, foi impossivel de preparar tambem isso!
A capa era um rosto de mulher pela metade.
Bem ,suas poesias eram lindas e com a luz que elas refletiam apagaram meu erro .
Todos receberam um livro e ela aparentemente feliz não falou mais no assunto.
Comecei á escrever muito cedo,tinha meus 15 anos.
Fazia poesia, prosa,texto.
Na minha fase mais inspirada escrevi umas 60.Sò sobre o amor.Era uma mulher madura.
Pode ser que um dia leia e pense que tudo é muito louco ou pode ser que um dia edite.
Era uma época que acordava às 5 horas da manhã para escrever.Enquanto não colocava tudo que vinha na alma não conseguia dormir.Meu espirito inquieto se acalmava com o papel e a caneta.Mamãe escrevia pedacinhos de papel e deixava para acabar no dia seguinte.Se correspondia com grandes escritores e lia sem parar.
Eu não tive tempo.O relógio da vida me esperava como se fosse um despertador estridente.
Quando ela se foi o relógio parou de funcionar com tanta exigencia e pude então refletir,dizer o que sentia,abrir as janelas que estavam fechadas e as portas que pareciam entreabertas.
Antes de ir me pediu como se fosse um pedaço de bolo:me traga uma poesia amanhã!
Eu cheguei cedo com o papel e li com a voz embargada.Sabiamos que era uma despedida.
Mas, o convite chegou e está aí!O livro não é de poesias, são textos de mulheres que contam histórias e dão seu recado.Meu nome está lá,com a maneira mais simples de dizer meu Olá!
E cumpre-se então o desejo dela :A capa é um rosto de mulher pela metade!

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