quarta-feira, 21 de junho de 2017

A intimidade da amizade

Dizem que existem os amigos estrela, que são os que ficam para sempre em nossas vidas e os amigos cometa, que passam e não deixam muito além da rapidez com que convivemos.
Hoje foi o sétimo dia da perda de meu amigo de infância Alcides Procópio Junior.Voltei da missa recordando.
Tudo começou na Praça Marechal Deodoro,.A mesma que se tornou abrigo de pessoas viciadas em craque!!Como São Paulo mudou!!
Ali onde os prédios eram muito elegantes, vivia ele com seu pai, o famoso tenista Alcides Procópio ,pioneiro com suas raquetes de tênis e além delas a marca em mesas de ping-pong, tenis de praia e todo o universo do esporte. Sua mãe,que falo no meu livro Quanto Dela Trago em Mim,a encantadora, linda Maria Natal.Mais tarde nasceu Suzana.
Maria com seu bom gosto vivia inventando vestidinhos de criança,Adorava decoração e foi assim que remodelou o Clube Harmonia algumas vezes.Decorou comigo meu apartamento quando casei.
Na fabrica, deu um impulso com as roupas de Maria Esther Bueno, descoberta de seu marido no Clube Tiete.
Quando conto essas historias viajo no tempo e penso que algumas pessoas nunca ouviram falar desses lugares.Clube Tietê??
Eu morava na Barão de Tatui ,hoje badalada ,mas naquele tempo uma rua íngreme como escrevi um dia para Vera Gimenez.
Meu pai chamava Alcides de Xará, pois tinham o mesmo nome e minha mãe trocava receitas e ideias desde meu quarto com sua reforma aos meus vestidos.Bolos de aniversário.Enfeites.
Enquanto isso, Alcidinho e eu brincávamos correndo pelas roseiras perfumadas,pela estatua de Marechal Deodoro.Era o tempo das babás muito bem vestidas e a dele se chamava Tatá.
Era tão linda que nos meus aniversários os homens faziam fila para ver Tatá!
Ela era generosa .Um ano me presenteou com uma boneca do tamanho de uma criança. Tenho até hoje e se chama Suzana .É a alegria de minhas netas.Deu também para a verdadeira Suzana.
Adoravamos ver filmes de Super Mouse ,o Mickey mais divertido de todos os tempos.
As festas eram sempre um motivo para encontros e ali crescia a intimidade.
Essa intimidade tão rara no mundo atual.A que se perde pelo celular.
Obvio que como frequentava a casa assiduamente ,tambem desfrutava dos clubes.
Harmonia quase sempre e pouco Paulistano.
Chegou a hora de entrarmos na escola e fomos para perto :Noronha Nogueira.
Mais tarde fui para o Jardim Escola São Paulo e ele também. José o motorista afetuoso nos levava.
Mas eles mudaram para a Oscar Freire e nos separamos.
Não na amizade. Ele foi para Escola Primavera.
Adorava passar o dia naquela casa gostosa,com um terraço dando para a rua,cadeiras de ferro  e na lateral muito espaço para brincar.
Rosa, a empregada fiel ,ria conosco ,preparava nosso lanche.D.Maria do Rosário avó de meu amiguinho estava acamada e morava lá, ´porem nossas aventuras mais emocionantes eram na casa de
vovô Domingos.O pai de Alcides morava na mesma rua,bem  no alto a casa acolhedora e ensolarada
nos recebia com alegria. Um quintal enorme, que dava para o Hospital Das Clinicas.
Ele colocava para nós tudo que parecia proibido para crianças: salame, queijo provolone ,azeitonas e um ótimo pão.Tia Chiquinha morava ali também.
Nós nos deliciávamos com tantas novidades.
Para meu amigo eu continuava à ser Bibiluche. Era o apelido que me deu nos tempos da praça.
Quando tinha febre e não podia sair ,gritava:Bibiluche!!Vem brincar comigo!!
Crescemos e nunca perdemos a amizade.
Passavamos o Natal juntos,nas lindas festas que sua mãe preparava.
Alcides muito divertido fazia eu descer as escadas e cantava a marcha nupcial para então encontrar
Alcidinho.
A brincadeira foi tão forte na minha mente de criança que neguei ser Dama de Honra no casamento do primo de mamãe dizendo que jamais entraria na igreja ao lado de outro menino!!

Cada um seguiu seu caminho.O dele nos E.U onde estudou e veio com muitas ideias.Empreendedor!!
Na adolescência vinham muito no apartamento de Perdizes e saiamos todos juntos. Serrinha e ele contando piadas. Alcides e Maria Natal foram padrinhos.no meu casamento.Na festa me perguntaram:
Vera Lucia ,como vão sair daqui sem verem vocês??
Respondi:no seu carro!!
E lá fomos no Volkswagen apertados e rindo!!!


Acompanhou toda minha existência ,mesmo longe.
No casamento de meu filho mais velho Ricardo, na chácara, estava lá.
Ele sempre estava.
Essa certeza que me acompanhou se eterniza hoje e digo:
Suzana,Bibiluche não acabou!
Esses dois amigos sempre existirão pela feliz intimidade e pelo privilegio de fazer parte de tantos momentos!!Vocês são essa continuidade.
Da intima amizade que começou na Praça cheia de rosas!!!





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